A reutilização de dormentes de madeira das ferrovias brasileiras possibilita a comercialização de diversos produtos sustentáveis, atendendo a diferentes setores de mercado. Com a madeira descartada, é possível produzir móveis, itens decorativos, estruturas para obras e carvão mineral, só para citar alguns exemplos.

Em Aracruz, município da região norte do Espírito Santo, o empreendedor Luís Felipe Semensato percebeu o potencial de mercado da destinação sustentável do entulho de reformas das vias ferroviárias e decidiu investir na produção de carvão vegetal e tratamento de resíduos. Dessa forma, em 2010, o empresário fundou a Recicarbon.

O empreendimento atua com a coleta e a correta destinação dos dormentes da Estrada de Ferro Carajás (Açailândia – Maranhão). O resíduo é destinado à produção de carvão vegetal de madeira 100% natural e com baixa umidade. A Recicarbon teve resultados promissores. Além de gerar emprego e renda para moradores do município, tornou-se referência nacional como solução para o descarte de dormentes de madeira.

Em 2015, a empresa foi classificada para a segunda etapa do Prêmio Nacional de Inovação, que visa a reconhecer as empresas brasileiras que contribuíram para o aumento da competitividade do País, por meio da utilização de sistemas e técnicas voltados ao aprimoramento da gestão da inovação, bem como por meio da implementação de projetos inovadores.

Apoio do Bandes

Devido ao alto custo da contratação de empresa de frete, Luís Felipe Semensato decidiu buscar aporte financeiro no Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes). “A empresa tinha muito gasto com frete. São mais de cem carretas por mês para fazer o transporte do produto da Estrada de Ferro Carajás ao Estado. O Bandes era a primeira opção, pois sabíamos que poderia nos dar o suporte. Então buscamos capital de giro”, contou.

Crédito para capital de giro

Capital de giro são os recursos necessários à manutenção dos negócios da empresa. O Bandes, em seu papel de fomento à atividade produtiva na economia capixaba, oferta financiamento nesta modalidade para a aquisição de insumos, matéria-prima ou estoque de mercadorias para revenda.

O diretor de Negócios do Bandes, Marcos Kneip Navarro, explicou que esse tipo de projeto consolida a missão de desenvolvimento do banco capixaba. “Esses investimentos geram valor para cadeias produtivas, extrapolando a produção e criando sentido para o desenvolvimento da região em que está inserido, permitindo que haja uma dinâmica local que gere emprego e renda e práticas sustentáveis, como no caso do reaproveitamento dos dormentes”, observou.

Texto: Beatriz Moreira

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