Quais os desafios e estratégias na gestão integrada de riscos?
Artigo
04/01/2024 11:00
Para o Bandes, em particular, a gestão integrada de riscos consiste em uma abordagem que busca identificar, avaliar e gerenciar os principais riscos a que a instituição se expõe. Consideramos os mais relevantes aqueles riscos que por sua natureza podem reduzir nossa liquidez, o dinheiro em caixa, e o capital, ou a capacidade de fazer operações e de gerar receitas.
Por que riscos integrados?
Por que na vida real, os riscos se relacionam o tempo todo. Exemplifico: O aumento da taxa Selic, que é um risco de mercado, afeta a capacidade do cliente conseguir pagar o empréstimo, se esse empréstimo possui uma taxa de juros indexada à Selic, tornando-se um risco de crédito. Por sua vez, a falta de pagamento vai impactar o caixa do banco, que esperava receber aquele recurso para pagar suas despesas próprias. Ou pior, pagar a instituição que emprestou o dinheiro para o banco emprestar. Daí a coisa fica ainda mais complicada: se a instituição que emprestou dinheiro para o Bandes não receber, nem do Bandes nem de outros credores, ela pode ter dificuldades em honrar o seu credor, que pode ser uma pessoa física, que investiu num CDB que prometia pagar 150% da Selic. Pronto, estamos diante de um risco sistêmico!
Percebeu como os riscos estão integrados? Isso sem falar no risco socioambiental e climático, risco país, risco cibernético, risco operacional, risco de fraudes, lavagem de dinheiro, etc...
Como evitar isso?
Cabe ao Banco Central, autoridade regulatória, criar controles macro, que devem ser seguidos pelas instituições financeiras, e supervisionar a saúde de todo o sistema financeiro nacional, intervindo quando necessário.
Cabe ainda à administração do Bandes estabelecer mecanismos de controles ajustados, para perceber quando a exposição a um risco está se tornando excessiva, ainda que essa exposição esteja gerando ganhos polpudos, e definir quando devemos mudar o rumo.Cabe também à área de riscos monitorar o cumprimento dos controles que foram estabelecidos, avisando tempestivamente quando os limites estiverem prestes a ser rompidos. Essa área, aliás, pode também propor novos controles, alinhados às boas práticas de mercado. E por fim, cabe, principalmente, a cada um dos colaboradores, contribuir, na medida da sua capacidade e área de atuação, para que os riscos estejam sendo adequadamente monitorados e mitigados, reportando à área de riscos e controles internos qualquer possível anomalia ou fragilidade que exponha o banco a riscos não desejados nas atividades realizadas.
*Artigo de Felipe Bragança Xavier, Gerente de Riscos e Controles Internos do Bandes